terça-feira, 10 de julho de 2012

Costumes da Bíblia - Os escribas

"Os intérpretes da lei judaica eram encarregados de ensiná-la ao povo"
           


Os escribas eram os “doutores da lei” para o povo judeu, os “professores da fé”. Com o mesmo status dos profetas de outrora, eram chamados de “homens da grande sinagoga” por seu povo, respeitados por todos.

Na Bíblia, há vários registros sobre suas atividades. Quando os judeus saíram do cativeiro na Babilônia e voltaram para a sua terra, Esdras, sacerdote e escriba, recebeu do rei persa Ataxerxes a incumbência de explicar a lei a todos (Esdras 7).

Os judeus que regressaram ouviram, primeiramente, a lei por toda uma manhã:

E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da porta das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o SENHOR tinha ordenado a Israel.

E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres, e todos os que podiam ouvir com entendimento, no primeiro dia do sétimo mês.

E leu no livro diante da praça, que está diante da porta das águas, desde a alva até ao meio dia, perante homens e mulheres, e os que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei.”
Neemias 8:1-3

Ele e os outros escribas ensinavam, Esdras no púlpito e seus companheiros andando por entre o povo:
“E Esdras, o escriba, estava sobre um púlpito de madeira, que fizeram para aquele fim; e estava em pé junto a ele, à sua mão direita, Matitias, Sema, Anaías, Urias, Hilquias e Maaséias; e à sua mão esquerda, Pedaías, Misael, Melquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão.

E Esdras abriu o livro perante à vista de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.

E Esdras louvou ao SENHOR, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém, Amém! levantando as suas mãos; e inclinaram suas cabeças, e adoraram ao SENHOR, com os rostos em terra.

E Jesuá, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaséias, Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaías, e os levitas ensinavam o povo na lei; e o povo estava no seu lugar.

E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.”
Neemias 8:4-8

Desde essa ocasião, os escribas tornaram-se muito importantes entre seu povo. Além do ensino da lei, eles escreviam cartas e documentos, como faz hoje um escrivão – palavra obviamente derivada de escriba. Sempre entre a população, eram reconhecidos pelo pequeno tinteiro preso ao cinto.

“E eis que vinham seis homens a caminho da porta superior, que olha para o norte, e cada um com a sua arma destruidora na mão, e entre eles um homem vestido de linho, com um tinteiro de escrivão à sua cintura; e entraram, e se puseram junto ao altar de bronze.”
Ezequiel 9:2

Outras culturas, como os egípcios, tinham seus escribas. Mas na sociedade judaica o status da função era maior, como atestado na Bíblia e em registros extrabíblicos.
Novo Testamento
Nos textos neotestamentários há várias passagens com escribas. Em Lucas, Jesus, ainda menino, desgarrou-se de Maria e José quando estavam em viagem a Jerusalém. Foi encontrado na sinagoga entre vários escribas (ilustração principal), discutindo a lei conforme os preceitos de Deus:

“E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.

E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.”
Lucas 2:46-47

Em outros momentos, o Messias, já adulto, não perdia uma oportunidade de estar entre os doutores da lei (Lucas 4:16-22). Alguns deles estavam entre seus grandes antagonistas, enquanto outros davam vez à razão e o aceitavam. Entre eles, haviam fariseus, saduceus e essênios, além de outras origens e correntes.

“E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo:

Mestre, qual é o grande mandamento na lei?

E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.”
Mateus 22:35-37

Por volta da época da queda do Templo de Jerusalém, no ano 70, a influência dos escribas aumentou. Alguns se tornaram bastante famosos, como Hillel e Sammai, cabeças de duas escolas importantes entre os intérpretes da lei, com tendências opostas no ensino da mesma – enquanto o primeiro tinha uma visão mais liberal, o segundo tendia a mais rigor.
Gamaliel, da escola de Hillel (Atos 5:34-35), foi mestre de Saulo de Tarso, que, a caminho de Damasco em sua perseguição a cristãos, sofreu a intervenção do próprio Jesus e se converteu, tornando-se Paulo, um dos maiores divulgadores do cristianismo da história (Atos 22:1-8).

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