Foram inúmeras às vezes em que o Senhor Jesus nos ensinou o valor da modéstia, e como é importante fugir da glória traiçoeira deste mundo. Aliás, esta glória, que pertence ao diabo, foi oferecida a Jesus na tentação no deserto. O Senhor de pronto a desprezou, e o tentador, humilhadamente derrotado, retirou-se.
Conta-se que, anualmente, os animais de uma certa parte da selva amazônica se reuniam em uma clareira, próxima ao caudaloso Rio Negro, para realizar um grande festival de novidades. Cada bicho comparecia trazendo alguma coisa especial: uma nova comida, histórias interessantes, descobertas, provas de força, saltos acrobáticos... Tudo com a finalidade de eleger o mais admirável, o mais esperto, ao qual era concedido o título de "Campeão da Selva".
De longe se ouvia a movimentação entusiasmada da bicharada, vinda de todas as partes e indo para aquela clareira especialmente preparada para servir de palco de exibição. O show começava com o leão em um número de força. Seguia-se o macaco com saltos, depois o joão-de-barro mostrava uma nova maneira de construir. Assim, um após o outro, esforçavam-se para impressionar a audiência e arrebatar o título.
Bento, o sapo, muito vaidoso, arranjou para aquele ano algo tão espetacular, que levava como certa sua vitória. Combinou com um pássaro amarrar em sua pata uma corda, que ele seguraria com a boca. Toda vez que abaixasse a cabeça, puxando a corda, seria o sinal para que o pássaro voasse mais alto.
Pela primeira vez na história da selva todos veriam um sapo voador. O pássaro contratado era o urubu, pois Bento pensava: "Não faz sentido usar uma ave colorida, que ofusque o meu verde".
Enquanto os bichos se revezavam em ocupar o palco, Bento nem dava bola. Apenas aguardava o momento certo para sua entrada triunfal.
Ao se aproximar o fim do festival, o sapo surgiu voando por cima das copas das árvores e começou a rodear a clareira. Quem primeiro notou foi a girafa, que não conteve o espanto:
- Olhe para cima, bicharada! Quem vai lá voando no céu?
De imediato todos olharam para o alto e o sapo passou a ser o centro das atenções. Era tudo o que Bento mais queria. Frases se seguiram: "Que ideia formidável!", "É um gênio!", "Que coragem!".
E assim cada vez que ouvia uma dessas frases, Bento puxava a corda e o urubu subia mais alto.
A admiração era geral. Tão alto estava que não se podia distinguir quem era ele. Os bichos se perguntavam uns aos outros: "Quem é o valente? Será o rato, ou a perereca?".
Ao perceber, do alto, que a bicharada o confundia com outros bichos, Bento quis esclarecer e gritou:
- É o sapo, pessoal!
Foi a última frase que disse na vida. O pobre Bento, ao abrir o bocão, soltou-se da corda e despencou das alturas de sua glória, esborrachando-se no chão.
A história do sapo nos ensina uma grande lição. Os elogios são ciladas armadas para insuflar a vaidade humana, levando às alturas o ego daqueles que procuram a glória deste mundo. Quanto mais sobem, maior será o tombo.
Diz a Bíblia:
"O homem que elogia a seu próximo arma-lhe uma rede aos passos." Provérbios 29.5
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