sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dia de Finados: qual a origem dessa comemoração?


Há fundamentos bíblicos para tudo o que se crê sobre essa prática religiosa?




Superar a dor da perda é uma tarefa de condições difíceis. Não se trata apenas da morte física, do trauma, da tragédia, mas da falta que aquela querida pessoa vai fazer na vida de quem fica. Assim, a saudade passa a ser o ponto de partida para o sofrimento de muitas pessoas. E para tentar amenizar um pouco dessa dor, muitas recorrem aos cemitérios, para realização de culto aos seus mortos.

É o que acontece no dia 2 de novembro, quando comemora-se o Dia de Finados, uma tradição religiosa iniciada em 998 depois de Cristo (d.C.), introduzida por Odílio, um abade do mosteiro beneditino de Cluny, na França. Ele ordenou que os monges orassem por todos os mortos, mas foi apenas 4 séculos depois que a data foi inserida no calendário católico, por meio de um papa.

Mas é a partir do século 5 que a Igreja Católica passa a dedicar um dia por ano aos mortos. Segundo a tradição, o Dia de Todos os Santos, comemorado em 1º de novembro, celebra as pessoas que morreram em “estado de graça”, que fizeram o bem enquanto estiveram vivos; já no Dia de Finados prestam-se solenidades a mortos que se encontram em um estado de "purificação", e por isso seria necessária a realização de ritos.

Cultura celta
No entanto, estima-se que a origem mais provável não venha do catolicismo e sim da cultura celta – um povo que vivia na Europa, mas que a partir de 1900 a 600 antes de Cristo (a.C.) ocupou diversos outros lugares.

Os celtas são conhecidos por diferentes nomes, indicados de acordo com os lugares onde viveram. Por exemplo, na Península Ibérica, eles eram os celtiberos; na França, os gauleses; na Grã Bretanha, os bretões; e o mais interessante: na Turquia, os gálatas. Não se admire que seja esse o motivo de o apóstolo Paulo falar tanto, na sua epístola aos gálatas, sobre idolatria, prostituição, bebedices, feitiçarias e outras “concupiscências da carne”.

Paulo citou esses comportamentos porque os celtas costumavam venerar as forças da natureza, a qual era tida como "deusa-mãe". Além de adorarem diversos ídolos de animais e várias divindades diferentes e realizarem ritos místicos durante o ano, entre eles, celebrações pelo fim de um ciclo de colheitas e início de outro, respectivamente em 31 de outubro e 1º de novembro.

Eles criam que na festa de 1º de novembro – quando se iniciava o novo ciclo de produção – era o momento de aproximação entre “almas encarnadas e desencarnadas”, estando essas últimas aguardando purificação no Purgatório. Devido a isso, levavam para a celebração velas ou algum tipo de luminária feita de bambu. Daí, pesquisas apontam que o catolicismo tenha aderido à data como sendo o Dia de Todos os Santos (honrando as almas de todos os mortos), e o dia 2 do mesmo mês como sendo o Dia de Finados, celebrando-se as pessoas queridas que morreram.

Mas, qual a razão da religião católica aderir à cultura dos povos celtas? Acontece que o Império Romano, apesar de muito rico em armas e estratégias de guerra, era muito pobre em intelectualidade, por isso algumas culturas, entre elas a celta, se misturaram ao poderio romano, expandindo-se e formando o que é hoje a sede da Igreja Católica, no Vaticano.

O que a Bíblia diz

Não há registros bíblicos, entretanto, de que exista um lugar onde as almas de pessoas que praticaram más ações (porém não merecem o inferno, mas também não podem entrar no Céu sem antes se limparem ou purgarem) ficam para se purificar, o chamado Purgatório.
Isso não existe, pois Jesus falou apenas de dois lugares para onde vai a alma assim que deixa o corpo: para o Céu ou para o inferno. E explica a condição dela após a morte, na parábola do rico e o mendigo.

Na narração bíblica, certo homem rico morre e é sepultado, enquanto um mendigo, de nome Lázaro, e que vivia à sua porta mendigando migalhas de sua mesa, é levado pelos anjos ao Céu. Em algum momento, já atormentado no inferno, o rico ergue os olhos e vê Lázaro e Abraão (o pai da fé), e põe-se a clamar:

"Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E mande a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama." Lucas 16.24

Mas Abraão responde:

"... Está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós."  Lucas 16.26

Porém o rico replicou:

"Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento." Lucas 16.27-28

"Eles têm Moisés e os Profetas; [que] ouçam-nos." – respondeu Abraão – Lucas 16.29

"Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, se arrependerão." – insistiu o rico –Lucas 16.30

"Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite dentre os mortos." – conclui Abraão – Lucas 16.31

Perceba algumas situações interessantes: a de que existe sim consciência após a morte (veja o caso do rico que reconhece o mendigo); de que não há Purgatório ou qualquer lugar de purificação, e sim, inferno (o rico estava em tormentos) e Céu (onde Lázaro estava com Abraão); de que não há como mortos se comunicarem com vivos (veja que o rico implora para que o mendigo vá até a casa do seu pai para dar testemunho sobre a vida após a morte, apesar disso não ser possível); e, finalmente, a de que uma vez a pessoa morta, a sua alma vai para o lugar onde ela "escolheu" em vida. Isto é, o destino da alma depende do que a pessoa fez e a quem serviu enquanto estava viva – se ao Deus da Salvação eterna ou ao deus deste mundo.

Conforto nesse momento

Se você está sofrendo com a perda de alguém, é natural se sentir sem chão, sem algo em que se apoie e segure. Mas saiba que isso pode ser momentâneo. O esforço, nesse caso, é fundamental para que a superação aconteça e você se torne livre de um tormento que pode se transformar em martírio ao longo de toda a vida.

Caso você não esteja conseguindo enfrentar sozinho essa situação, busque forças em Deus. Ele mesmo chama para Si as pessoas que se acham cansadas e sobrecarregadas, e ainda as alivia, tornando-as leves e livres (leia Mateus 11.28-30). Se esse tem sido o seu desafio, encontre o consolo Naquele que pode sanar de fato a sua dor. E não procure responsabilizá-Lo por isso.

Decepcionar-se com Deus de nada vai adiantar. Aliás, você pode até se esfriar espiritualmente diante desse sofrimento, e então, acabar ficando longe de quem pode lhe ajudar. Lute por um encontro verdadeiro com Deus. Ele sempre estará atento para as suas angústias e aflições.

Pense na sua vida e nos seus planos futuros, mas, acima de tudo, confie que o Senhor Jesus não lhe desamparou e nunca vai deixar você para sempre à mercê dessa dor
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