terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ciência na Bíblia - Nuvens de gafanhotos


Para quem acha que a Bíblia fez relatos fantasiosos, basta prestar atenção aos trabalhos de confiáveis e renomados cientistas entre os melhores do mundo




“Assim foram Moisés e Arão a Faraó, e disseram-lhe:
Assim diz o SENHOR Deus dos hebreus:
Até quando recusarás humilhar-te diante de mim?
Deixa ir o meu povo para que me sirva;

Porque se ainda recusares deixar ir o meu povo,
eis que trarei amanhã gafanhotos aos teus termos.

E cobrirão a face da terra, de modo que não se poderá ver a terra;
e eles comerão o restante que escapou, o que vos ficou da saraiva;
também comerão toda a árvore que vos cresce no campo;

E encherão as tuas casas, e as casas de todos os teus servos
e as casas de todos os egípcios (...)”
(Êxodo 10:3-6)

Tal como descrito em Êxodo, assim aconteceu. A grande nuvem de gafanhotos que fez parte das pragas infligidas ao Egito por Deus – para que os hebreus fossem liberados da escravidão e rumassem para a Terra Prometida – entrou para a história. E, também tal como descrito, uma praga como essa é bem mais séria do que parece aos povos não acostumados a ela. Os insetos simplesmente devoram tudo o que encontram de vida vegetal “mastigável”, deixando apenas galhos desfolhados, destruindo completamente lavouras e causando a fome nas pessoas e animais até a safra seguinte. Em alguns países africanos e do Oriente Médio o problema é tão grave que a Fundação das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) criou o Locust Watch (algo como Vigilância de Gafanhotos, em tradução livre), um sistema em cooperação com a agência espacial norte-americana, a NASA, para monitorar a proliferação e as migrações dos artrópodes devoradores, emitindo alertas internacionais quando necessário.


Perigo real e atual
Para quem achava que o relato bíblico é fantasioso e exagerado, nuvens de gafanhotos causam prejuízos periodicamente em dezenas de milhões de quilômetros quadrados de plantações, pastagens e cidades nas áreas atingidas, a ponto de a própria Organização das Nações Unidas (ONU) ter criado uma divisão especial para cuidar do assunto.

Mas como e por que começa uma nuvem desses insetos?
As formações de gafanhotos, constituídas por milhões deles, geralmente ocorrem quando há um aumento exagerado em sua população em determinada região, principalmente após períodos intensamente chuvosos, após os quais as fêmeas depositam seus ovos. Quando eles eclodem em grande quantidade, o alimento na área torna-se escasso. Os animais saem em revoada em um grupo tão grande que impedem até a passagem da luz do sol. Não transmitem doenças, mas comem toda a vida vegetal que conseguem (a não ser a madeira e as sementes mais duras), causando fome em regiões inteiras. Um exemplar do inseto come, diariamente, o equivalente ao seu próprio peso corporal em vegetais. Come rápido, gasta a energia também rapidamente e logo procura mais alimento.

A explosão populacional dos “grilos grandes” (são da mesma família) pode acontecer por fatores diversos: mudanças na temperatura, na umidade e no índice de chuvas, por exemplo. Das cerca de 400 espécies de gafanhotos conhecidas, aproximadamente meia centena são nômades, mas só umas 10 causam esse tipo de prejuízo. A África, a Ásia e parte do Oriente Médio são os lugares mais atingidos. Uma das nuvens medidas pela NASA na África cobria 1,2 mil quilômetros quadrados e continha cerca de 80 milhões de gafanhotos por quilômetro quadrado. Ainda assim, achou pouco? Segundo os relatos bíblicos, a nuvem da praga bíblica foi bem maior. Quer mais? Uma nuvem como a citada pode consumir 192 milhões de quilos de vegetação em um só dia, segundo os pesquisadores da FAO. Nos últimos 100 anos, aconteceram sete grandes períodos de grandes pragas. A mais longa aconteceu, intermitentemente, por 13 anos.

Por aqui, só há notícias de nuvens, mas em bem menor intensidade, na região do estado do Mato Grosso. Antes, os insetos se alimentavam da vegetação natural, no Centro-Oeste. Com o avanço das grandes plantações para a região e a devastação do cerrado, os insetos passam a comer as lavouras, já que foram privados de sua comida natural (que consumiam de forma gradativa, devagar e sempre, sem acabar com a vegetação).

E quando uma nuvem ataca? O que fazer? Correr. Ou o pior: pulverizar inseticidas que até diminuem a população dos bichos, mas causam severos danos aos vegetais e ao solo. Obviamente, parte do veneno fica nos alimentos, e chega à nossa mesa.


Segundo a FAO, nos períodos de recessão (quando não há nuvens) dos gafanhotos na área mais atingida do planeta, eles se concentram numa área de 16 milhões de quilômetros quadrados que começa no deserto do Saara, passa pela Península Árabe e vai até o noroeste da Índia. Quando saem em nuvens, devoram tudo nessa área e ampliam o raio de ação em volta dela, afetando cerca de 60 países, passando por cima até mesmo de grandes porções de água como o Mar Vermelho. Há notícia de uma nuvem que atravessou o Oceano Atlântico da África para o Caribe.

Em contrapartida...
Em alguns lugares, se o gafanhoto comeu o alimento dos humanos, acabam virando comida deles. Sim, há povos que se alimentam dos insetos. Apesar de incomuns à cultura ocidental em geral, são consumidos em áreas como o Vale do Jordão e a Arábia. Uma verdadeira iguaria, comida assada ou frita. É uma grande fonte de proteína em uma área em que ela geralmente é escassa por causa de outra fonte: o deserto.

Achou estranho? Voltemos à Bíblia. Em Levítico 11:21-22, Deus fala a Moisés e a Arão como os animais eram separados entre “puros” e “imundos”. Os primeiros eram permitidos como alimento para os seres humanos. Entre eles, alguns dos saltadores que tinham mais de quatro patas:

“Deles comereis estes: a locusta segundo a sua espécie, o gafanhoto devorador segundo a sua espécie, o grilo segundo a sua espécie, e o gafanhoto segundo a sua espécie.” 

O Novo Testamento também mostra isso (Mateus 3:4) quando fala de uma pessoa muito importante na história do próprio Jesus Cristo – seu primo, João Batista:

“E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.”

Portanto, nada tão novo para surpreender tanto.

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