A amizade abre caminhos para amenizar novos problemas
O filho cresce, já não é mais um bebê. Agora, ele observa, ouve e pensa com mais clareza sobre tudo o que está em volta. De repente, ele começa a ter dúvidas sobre a vida sentimental e surge interesse sobre uma menina. É neste momento que muitos pais ficam sem saber o que fazer.
Segundo a psicóloga Débora Cristina de Macedo Jorge, o primeiro passo vem antes de o filho chegar nessa fase. “É preciso que os pais busquem sempre ter um bom relacionamento aberto, para conquistar a confiança do filho, para que os enxergue como amigos. Dessa forma, ele conseguirá se abrir quando tiver problemas, dúvidas, situações.”
O primeiro susto
Para ela, não existe diferença no tratamento e no cuidado entre filho homem ou mulher. “Dá-se a impressão, e a maioria pensa, que é preciso ter mais cuidado com as meninas, mas não é isso. Por exemplo, se o menino se envolver com uma menina que tem uma mãe desatenta, deve-se ter cuidado extremo, por seu filho e pela pessoa em que ele está interessado.”
O problema está na primeira experiência, quando o filho chega e diz que está namorando, a reação dos pais faz toda a diferença. “No primeiro momento, é importante não dar sua opinião, impor aquilo que pensa, dizer se é certo ou errado. A priori, os pais devem se preocupar com o que o filho pensa sobre o assunto. Isso não significa deixá-lo à vontade, mas aproveitar a situação para conhecer o filho e, a partir daí, saber como lidar com o assunto. Se a primeira resposta dos pais for gritar, por exemplo, ele não contará mais nada.”
A falta de equilíbrio dos pais pode impedir que percebam alguma carência do filho. “Dependendo da maturidade deles, poderão entender o que está levando o filho a ter um tipo de comportamento que pode ser considerado precoce. Caso ele fale que aquela pessoa chama atenção porque conversa com ele, porque dá atenção, talvez indique que não encontra isso em casa”, explica Débora.
A maturidade
A Psicóloga destaca que hoje em dia a maturidade para ter o primeiro relacionamento amoroso depende muito de cada pessoa e das influências que teve até esse momento da sua vida. “Há meninas que não são maduras com 16 anos e outras que já são com apenas 11. E isso é perceptível quando os pais observam que consegue conciliar o namoro com a escola, família, compromissos sociais.”
Porém, ela enfatiza que há outros motivos para a iniciação precoce da vida amorosa. “A maioria dos adolescentes quer namorar para sair de casa, para não ficar tanto na companhia dos pais. É um tipo de fuga da sua realidade.”
Quando a maturidade já é real
Agora a criança está a caminho de se tornar um adulto. Já consegue separar a importância de cada coisa e o tempo que deve ter para o namoro, escola, trabalho, compromissos. O próximo passo é como tratar aquela pessoa. “A amizade continua sempre e um pouco mais, pois agora tem que trazer para perto o namorado (ou namorada), para conhecer melhor, saber quais são as ideias, conversando e levando para sair junto. Isso não é vigiar, é ficar atento a comportamentos”, ensina a psicóloga.
E essas observações podem levar à percepção dos pais que aquela pessoa não é a ideal para seu filho. Mas ele, mesmo com maturidade, não consegue enxergar. “É o momento de usar da amizade entre os pais e os filhos e aproveitar uma palavra, um gesto da pessoa, para mostrar que aquilo não foi bacana e tentar abrir os olhos do filho. Nunca impor, proibir ou interferir, a não ser que traga algum perigo iminente.”
Caso aconteça algum problema, discussão, os pais devem se esforçar para não se intrometer e deixar que eles resolvam da forma e no tempo deles. “É claro que depende do problema, mas em alguns casos é só estar perto, acompanhando, sem dizer nada, pois tudo acontecerá no tempo deles. Tem hora que a mãe quer falar, resolver, justo no momento em que o filho está refletindo e quer ficar quieto. Tem que esperar a hora certa para a conversa”, comenta Débora.
Considerando o inevitável
Os pais devem saber que a fase de namoro chegará mais cedo ou mais tarde e devem se preparar para observar a situação e a pessoa que está se achegando. “Eles devem considerar que tudo se resume em caráter, ou seja, alguma atitude que mostre o que exatamente aquela pessoa será no futuro. Por exemplo, se gosta ou não de estudar, de sair, de estar com os pais. Tudo isso diz muito sobre a pessoa”, finaliza a psicóloga.
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