sábado, 13 de outubro de 2012

Costumes da Bíblia - A música



Instrumentos e canções estão presentes em vários trechos bíblicos, principalmente no livro de Salmos




Em vários trechos da Bíblia, a música está presente. Adoração e festejos ao som de instrumentos eram bastante frequentes. “Louvor”, em seu equivalente hebraico (hallel), deriva de uma palavra que significa “fazer barulho”. Daí vem o costume cristão de que louvar a Deus deve ser feito, em uma de suas muitas formas, em voz alta. Do grego psalmosvem “Salmos”, com o sentido de “canção acompanhada por instrumentos”, que dá nome ao livro do Velho Testamento citado até mesmo por Jesus algumas vezes. O título do mesmo livro em hebraico éTehillim, “canções de louvor”.

As bandas do Antigo Testamento eram compostas por músicos que improvisavam a partir de uma melodia básica. Era comum, também, que todos tocassem ao mesmo tempo, ao invés de buscar uma harmonia.

No Antigo Egito, o papel dos músicos era intenso. Não são raros os registros em desenhos de pessoas com seus instrumentos nas paredes das edificações egípcias, revelados pelos arqueólogos.
Davi chamou muita atenção por ser rei e um grande guerreiro, mas a música estava presente em sua vida quase diariamente, desde quando era um simples pastor. Ele era um exímio tocador de lira e harpa, arte que continuou a praticar quando já era monarca – como na ilustração acima, liderando a banda em desfile pelas ruas.

Instrumentos

A já citada lira era um instrumento pequeno e leve, com oito ou dez cordas, fácil de carregar. Sua “prima” maior era a harpa, que tinha de 10 a 20 cordas. Costumava ser muito usada no Templo de Salomão, nos cultos, tocada por levitas.

O tamborim era um instrumento de percussão bem simples, que consistia em uma pele animal fortemente esticada ao redor de um aro de madeira, o que lhe conferia um som potente mesmo a um pequeno toque das pontas dos dedos.

O címbalo também aparece nos textos bíblicos, e podemos vê-los até hoje em bandas: um par de pratos rasos de metal, que vibra quando batidos um contra o outro, com um som estridente. Posteriormente, foi adaptado como parte das modernas baterias.
O sistro era um bastão com um arco na ponta, com três ou quatro varas de metal que o atravessavam, com discos móveis nelas que retiniam conforme o instrumento era sacudido (ao lado, um afresco milenar em que a rainha egípcia Nefertiti tem um sistro na mão).

A flauta era facilmente carregada até mesmo por crianças, e muitas vezes era seu primeiro instrumento, feito de bambu, madeira ou osso. Não era tão utilizada para adoração, mas bem popular em reuniões sociais ou como distração – era bem usada por pastores, para aplacar a solidão nos pastos longínquos, além de ter um efeito calmante nas ovelhas.

Nos tempos do Tabernáculo, era usada uma trombeta para convocar o povo de Israel para algum pronunciamento ou para adoração. Podia ser feita de prata ou outros metais leves.

A trombeta de chifre de carneiro (também posteriormente feita em madeira ou metal) foi usada por Josué e seus homens ao redor de Jericó, até suas muralhas ruírem.

Outro instrumento de sopro com som potente era o shofar (foto abaixo), uma trombeta especial feita com chifres maiores de carneiro. Tinha dois sons distintos, que mudavam conforme o sopro, e era utilizado em cerimônias especiais e solenidades.



Os salmos

Uma das definições da palavra “salmo” nos dicionários modernos é a de que eram cânticos sagrados realizados pelos hebreus. Os belos versos que lemos hoje no extenso livro dos Salmos são letras dessas canções de louvor, geralmente acompanhadas por instrumentos de sopro ou cordas. A Davi é atribuída a autoria da maioria das composições, tanto de letra quanto de música.



Algumas versões bíblicas têm termos muitas vezes incompreendidos pela maioria no livro dos Salmos, geralmente entre colchetes ou parênteses, no início ou no final dos versos.

[Masquil de Davi para o músico-mor, quando Doegue, o edomeu, o anunciou a Saul, e lhe disse: Davi veio à casa de Abimeleque] Por que te glorias na malícia, ó homem poderoso? Pois a bondade de Deus permanece continuamente.
Salmos 52:1

“Masquil”, por exemplo, assim como “mictão” e “sigaiom”, se referem ao modo como a música deveria ser tocada e cantada.

“Reinos da terra, cantai a Deus, cantai louvores ao Senhor. (Selá.)”
Salmos 68:32

“Selá”, por sua vez, indicava uma pausa no cântico, enquanto os instrumentos continuavam a tocar. Nesse intervalo, tanto podia haver somente a ausência da letra quanto era possível entrar palavras recitadas (poemas ou um pequeno trecho de adoração ou de sermão).

As letras

Os salmos falam de vários assuntos ligados à relação diária do homem com o Senhor: glória, o senhorio de Deus, o perdão, o arrependimento, a alegria, as batalhas, o sofrimento e vários outros.
Há diferentes categorias de salmos. Os “cânticos de romagem” (Salmos 120 a 134) foram compostos para que peregrinos os cantassem durante suas viagens a Jerusalém. Os salmos de hallel (louvor), do 113 ao 118, eram cantados durante festas sagradas, como a de Páscoa e a dos Tabernáculos.

Às vezes, os salmos não parecem, para nós ocidentais, letras de canções ou poesia. Isso ocorre pelo fato de a poesia hebraica funcionar de um modo bem diferente do que conhecemos. Enquanto estamos mais acostumados ao padrão que usa rima e métrica, os versos dos hebreus utilizam mais os jogos de palavras, acrósticos (cada linha ou estrofe começa com a letra seguinte do alfabeto) e o paralelismo – uma ideia expressa em um verso é reformulada no seguinte, gerando uma repetição, um complemento e até mesmo um contraste.


Mas uma característica em comum entre a poesia hebraica e a nossa é o emprego da aliteração: a repetição de sons consonantais idênticos ou semelhantes em um verso ou em uma frase, especialmente as sílabas tônicas.

Para nós, embora a música faça parte do louvor em nossos dias, prevalece o sentido dos versos dos Salmos para adorarmos a Deus ou para entendermos melhor nossa relação com Ele.

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