terça-feira, 22 de maio de 2012

Raquel e Lia

Ser magra, de cabelo ajeitado, com roupas da moda. Ter isso ou aquilo e agir de determinada forma. São inúmeros os preceitos que uma sociedade dita para uma mulher ser considerada bonita e, por isso, as comparações acontecem cada vez mais.

A psicóloga Izabel Santa Clara explica ainda o que vem além destas exigências. “A mulher ainda tem que ser mãe, dona de casa, profissional e isso não é uma tarefa muito fácil. Dentro desse universo é impossível não haver comparações. Os homens lidam melhor e com mais humor com as diferenças, principalmente estéticas.”

Estas comparações surgem porque estamos sempre buscando estabelecer um parâmetro entre o que é bom, apreciável e agradável. “Comparar significa buscar uma determinada propriedade entre dois objetos, para escolher entre os dois. Isso acontece automaticamente nas situações mais elementares do nosso dia a dia, porque faz parte da natureza humana, ou seja, estamos sempre traçando um paralelo entre as coisas”, esclarece Izabel.

Na Bíblia também encontramos exemplos de mulheres que se comparam. Um deles é quando Raquel se confronta com Lia, sua irmã mais velha, por não conseguir dar filhos a seu marido Jacó, que teve que se casar primeiro com Lia. A Palavra conta que Raquel sofria muito por não ser fértil como a irmã e acaba por oferecer sua serva a seu marido (Gênesis 30:1-22). Naquele tempo as mulheres casadas somente eram valorizadas se tivessem filhos.

É claro que não vemos histórias como estas nos dias atuais, mas há mulheres que fazem comparações desenfreadas e até mesmo doentias. “Como as mulheres são, na maioria das vezes, julgadas pela sua aparência e têm essa preocupação excessiva pela estética, agravada nos dias atuais, passam a perceber características próprias como falhas que devem a qualquer custo ser corrigidas. Isso pode trazer sérios problemas de autoestima, gerando insegurança e, nos casos mais graves, sintomas depressivos”, conta a psicóloga.
No começo do capítulo 30, do livro de Gênesis, Raquel dá indício que poderia estar entrando em um quadro depressivo, ao falar a seu marido: “Dá-me filhos, senão morro”. Ele não tinha culpa de que ela não era mãe e este pedido dava sinais de desequilíbrio emocional.

O problema todo está em ficar sempre se comparando, já que isso não traz benefícios. “Deve-se considerar o que você pensa sobre você mesmo e não valorizar excessivamente o que o outro pensa a seu respeito. Ser você mesma sua referência e não viver sob a referência do outro é fundamental para viver bem e aumentar a autoestima”, indica a psicóloga.

Para Izabel, o lado bom da comparação é quando a pessoa consegue se aceitar. “Quando se tem baixa autoestima, não existe a autoaceitação. Se aceitar não quer dizer que você tenha que gostar de tudo que há em você, significa ser consciente do que você é e, se houver desejo, há como buscar formas de mudar aquilo que acredita não estar bom. Na verdade esta mudança somente acontecerá se conseguir aceitar o que é agora, senão não saberá verdadeiramente o que deseja mudar.”

No caso de Raquel, não dependia dela mudar esta situação, mas o olhar dela para a circunstância poderia ser diferente, já que seu marido tinha se esforçado ao máximo para casar com ela, trabalhando anos a mais para ter o direito de tê-la como esposa.

Além disso, a Palavra afirma que Raquel era uma mulher bonita, ou seja, ela só precisava olhar para si, se valorizar e acreditar que teria um filho, mas sem se pressionar quanto a isso. Raquel é um exemplo de que as comparações excessivas podem trazer grandes e más consequências emocionais.


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