segunda-feira, 21 de maio de 2012

Bíblia: palavra de Deus ou do homem?

Embora escrita por pessoas diferentes, a fonte é uma só


Todos os dias, muitos contendem sobre a verdadeira origem da Bíblia. Teria sido ela escrita sob a inspiração de Deus para Ele falar a seus filhos, ou seria uma obra de autoria humana, de acordo com os interesses de quem procurava dominar na época?

Ao longo de 1,6 mil anos, ela foi escrita por pessoas de contextos socioculturais bem distintos, em diferentes épocas. Nesse mais de milênio e meio, Deus revelou aos autores como Ele é, além de como a humanidade deve se relacionar com Ele. E nisso entra, além de seus preceitos, história, antropologia, medicina, geografia e outras ciências, além dos costumes da época e questões práticas de moral e bem-estar. Em meio a tudo isso, o texto bíblico não esconde aspectos negativos no que tange ao físico, ao psicológico e ao espiritual. Não “doura a pílula”, não enfeita o cenário só para ser atraente. Ela trata de fatos.

E os mais de 40 autores apresentam, como não poderia deixar de ser, estilos diversos. Uns escrevem em tom mais sacerdotal, uma pregação propriamente dita. Outros assumem uma descrição pormenorizada dos fatos, com um ar mais épico, a exemplo do que lemos hoje em obras que chegam a ser adaptadas para o cinema em longas séries, tamanha a quantidade de referências. Alguns escrevem jornalisticamente, explicando clara e sucintamente algum acontecimento. Há também os que chegam a falar dos mesmos assuntos, só que em uma linguagem mais rebuscada, mais literária. Passagens protagonizadas por Jesus por autores diferentes, como vemos claramente no Novo Testamento, não são necessariamente repetidas. De um lado, um autor relata os fatos, descreve-os. De outro, o escritor O evidencia como o Messias, Deus em carne, em seu caráter de nosso salvador. Paulo escreveu a maior parte de seus textos como cartas, mas de modo que não só os destinatários diretos pudessem usufruir delas. Com o conteúdo que ensinava a adorar e servir a Deus segundo os preceitos de Cristo, elas se prestam a vários povos até hoje, e não somente aos antigos coríntios, tessalonicenses e romanos, só para citar alguns.



Cada estilo se deve a um propósito, tal e qual na literatura e na imprensa atuais. Cada gênero, cada estilo se presta a um tipo de público, a um tipo de mensagem – e a mesma mensagem também pode ser contada de formas diferentes, de acordo com o tipo de pessoa que ela procura orientar. Jesus mesmo ensinou vários preceitos de Deus ilustrando-os em parábolas, como muitos autores antes (Esopo) e depois dEle (La Fontaine) fizeram com as fábulas para dar lições de moral e respeito, até mesmo em tom lúdico e atraente. Aprendendo com elas ou não, a maioria dos seres humanos gosta bastante de ouvir histórias. Como em tudo, o Messias sabia o que fazia.

Harmonia na diversidade

Mesmo escrita em épocas diferentes, estilos distintos e para públicos diversos, a Palavra Sagrada não entra em contradição. A própria correspondência de mão dupla entre o Antigo e o Novo Testamento mostra bem isso, mesmo que não seja em referências diretas. Profecias citadas na Lei Velha foram cumpridas na nova parte, por exemplo. Citando o Messias no Antigo Testamento, as profecias diziam claramente onde ele nasceria, de que família viria e vários outros detalhes, e não em forma de mirabolantes versos, como em outros livros de outras crenças ou “previsões nostradâmicas”. O futuro a Deus pertence, como reza o sábio adágio popular. Se não vem dEle, não merece crédito. E a Palavra comprovou isso.

Essa é uma razão de os cristãos recorrerem à Bíblia quando têm dúvidas sobre determinado assunto. As dúvidas se dissipam quando se usa o Livro Sagrado como parâmetro. À sua luz.



Seja em tom de admoestação como em Apocalipse, com essência poética como Cântico dos Cânticos, em forma de oração e até letras de músicas como os Salmos, o objetivo era o mesmo, ainda que para pessoas diferentes: aproximar o homem de Deus. Justamente por essa multiplicidade, a Palavra é dita para repreender, e também acalenta. Reprova, mas perdoa e dá uma nova chance na figura da misericórdia. Evidencia a ira, mas nunca escondendo o amor.

Quem quer história, acha. Os que querem um diálogo com o pai, o conseguem. Os arrependidos encontram quem ouve seu coração e sabe da sinceridade do remorso. Os alegres adquirem ainda mais subsídios para seu franco regozijo.



Quem a leva a sério, conquista. O comodoro Matthew Maury, dos Estados Unidos, descobriu e mapeou as correntes marítimas do planeta porque leu com atenção três pequenas palavras dos Salmos de Davi. Na Primeira Guerra Mundial, o major britânico Vivian Gilbert levou sua tropa à vitória por ter acreditado na estratégia que o príncipe guerreiro Jônatas, filho de Saul, usou para chegar à base dos filisteus.

Criador ou criatura

“Bíblia” vem do livro biblion, que designa “conjunto de livros”. Traduzindo, é uma enciclopédia, mas com os volumes reunidos em uma só estrutura, uma só encadernação. Especula-se que Gênesis foi escrito por volta de 1440 antes de Cristo (a.C.), enquanto Apocalipse data de perto de 95 depois de Cristo (d.C.). E, em todo esse tempo, os textos foram escritos em acampamentos no deserto, quartos, escrivaninhas, prisões (como o fez Paulo, ilustrado abaixo) e diversos outros ambientes. Mesmo assim, não cai em contradição.



Há muitos trechos bíblicos que mostram a inspiração Divina. Fica bem claro quem cita as palavras:

“Dize-lhes, pois: Assim diz o Senhor: Se não me derdes ouvidos para andardes na minha lei, que pus diante de vós, para que ouvísseis as palavras dos meus servos, os profetas, que, começando de madrugada, vos envio, posto que até aqui não me ouvistes, então farei que esta casa seja como Siló, e farei desta cidade maldição para todas as nações da terra.”
Jeremias 26:4-6.

Paulo, o que mais escreveu livros da Bíblia, sempre mostra quando é Deus falando. Mas também deixa bem claro quando não é, cabendo ao leitor entender:

Com respeito às virgens, não tenho mandamento do Senhor; porém dou minha opinião, como tendo recebido do Senhor a misericórdia de ser fiel.”
1 Coríntios 7:25

E ter vindo de Deus é o parâmetro básico para as igrejas protestantes. A versão evangélica contém sete livros a menos que a católica. Os próprios judeus antigos não os consideravam inspirados por Deus, daí o motivo de os evangélicos também os desconsiderarem. Lembra-se da correspondência entre os Testamentos citada anteriormente? Pois é: o Novo Testamento não faz nenhuma referência a esses sete livros, como faz a vários do Antigo.


Voltamos a Paulo, que mais uma vez evidencia a origem divina da Palavra, e mais uma vez mostra o livro como elo entre o Pai e seus filhos:

“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido,

E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;

Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”

2 Timóteo 3:14-17

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