quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Apocalipse: O livrinho aberto - Parte 2



Esse livro contém todos os direitos proféticos, sacerdotais e reais do Senhor Jesus Cristo como nosso Redentor. Ele abrange a origem e o âmago de todas as profecias, de toda a pregação do Evangelho, de toda fé verdadeira e de toda esperança firme. Entretanto, segundo a narrativa de João, algo estranho acontece com o livrinho: 

“A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra. Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel. 

Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo. Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.” Apocalipse 10.8-11 

As perguntas que logo vêm ao nosso coração são: por que João teve de comer o livrinho? E por que era doce na boca e amargo no estômago? 

Antes de responder a estas perguntas é interessante verificarmos que o mesmo aconteceu com o profeta Ezequiel, quando foi chamado para profetizar aos filhos de Israel. Naquela ocasião o Senhor lhe disse: 

“Ele me disse: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se insurgiram contra mim; eles e seus pais prevaricaram contra mim, até precisamente ao dia de hoje. Os filhos são de duro semblante e obstinados de coração; eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus. Eles, quer ouçam quer deixem de ouvir, porque são casa rebelde, hão de saber que esteve no meio deles um profeta. 
Tu, ó filho do homem, não os temas, nem temas as suas palavras, ainda que haja sarças e espinhos para contigo, e tu habites com escorpiões; não temas as suas palavras, nem te assustes com o rosto deles, porque são casa rebelde. Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes. Tu, ó filho do homem, ouve o que eu te digo, não te insurjas como a casa rebelde; abre a boca e come o que eu te dou. 
Então, vi, e eis que certa mão se estendia para mim, e nela se achava o rolo de um livro. Estendeu-o diante de mim, e estava escrito por dentro e por fora; nele, estavam escritas lamentações, suspiros e ais. 
Ainda me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, vai e fala à casa de Israel. Então, abri a boca, e ele me deu a comer o rolo. E me disse: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Eu o comi, e na boca me era doce como o mel.” Ezequiel 2.3-10; 3.1-3 

Verificamos nessa passagem que primeiramente Deus escolheu o Seu servo, Ezequiel, para uma obra. E, em seguida, ele foi preparado para profetizar a um povo de coração obstinado e rebelde. 

Para tanto, ele precisou ingerir o livro que iria anunciar. E aí está a verdadeira razão pela qual ele teve de comer o livro cheio de lamentações, suspiros e ais! Ele precisou experimentar por si mesmo aquilo que iria dar aos outros. 

Precisa acontecer com o homem de Deus o mesmo que com um vendedor, que só terá sucesso nas suas vendas se tiver provado e aprovado o produto que está vendendo! 

Para que possa transmitir o Espírito e a Vida que há na Palavra de Deus, o homem de Deus precisa, espiritualmente falando, comê-la, ou seja, absorvê-la a tal ponto que o seu ser assuma totalmente o caráter do Autor da Palavra, para que ela possa sair de dentro dele com o mesmo Espírito que nela existe! 

O profeta Ezequiel e o apóstolo João tiveram de comer da Palavra de Deus para que tivessem condições espirituais de transmiti-la com fidelidade, palavra por palavra, a fim de que o objetivo fosse alcançado também com fidelidade. 

Isso tem acontecido com todos os homens de Deus, pois se por um lado eles sentem o sabor do mel na boca, isto é, a alegria de poderem transmitir aos outros aquilo que Deus lhes tem dado, por outro eles sentem agonia por aqueles que se perdem, que rejeitam a oferta gratuita do perdão de Deus. João relata: “Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo” (Apocalipse 10.10). Significa que ele se apropriou da sua mensagem e provou tanto do seu gozo quanto do seu sofrimento. 

Então, o gosto amargo no estômago está relacionado com as muitas tribulações que o homem de Deus tem de passar para tentar salvar os perdidos, sabendo que se isso não acontecer, eles sofrerão o juízo eterno. E é muito duro suportar! 

Vemos que só depois de João ter devorado o livrinho a seguinte ordem lhe é dada: “...É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis” (Apocalipse 10.11). Daí a razão de ter comido o livrinho.

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