Várias cidades foram estabelecidas ao longo do caminho antigamente percorrido por comerciantes árabes com produtos do Oriente
Nos tempos do Antigo Testamento, os nabateus eram comerciantes nômades originários da Península Árabe. No século 4 antes de Cristo (a.C.), fizeram famoso um caminho pelo deserto do Neguebe, por onde passavam com suas enormes caravanas de camelos (os “caminhões do deserto” na época) repletas de tecidos finos, temperos, essências e outras mercadorias provenientes do Oriente. Era a famosa Rota das Especiarias.
Originalmente, os nabateus se dedicavam à atividade pastoril. Depois, como comerciantes, cresceram consideravelmente em importância, pois muitas cidades dependiam deles para adquirir certos bens. Não à toa, os “caixeiros viajantes” de quem temos informações na história do Brasil eram também de origem árabe, levando a cidades remotas produtos industrializados que não chegariam a elas de outra forma. Voltando ao Neguebe, os nabateus detinham o monopólio do comércio por um motivo muito simples: sabiam como ninguém dos segredos e armadilhas do traiçoeiro ambiente do deserto, tanto no que dizia respeito à natureza quando à atividade humana.
Longo caminho
Os nabateus adquiriam e vendiam itens oriundos do Extremo Oriente, especialmente da área onde hoje ficam países como a Índia, Tailândia, China e Coreia, cujos povos ainda fazem farto uso de especiarias. A maioria dos produtos chegava daquela região em navios que aportavam em Gaza, de onde eram triados e enviados a vários lugares, como a distante Roma.
As especiarias eram maioria entre os itens, justificando como a rota ficou conhecida. Mas também eram transportados e comercializados produtos como perfumes, madeiras, tecidos finos, ervas, pedras preciosas, medicamentos e metais.
Embora os nabateus fossem nômades e morassem em tendas, construíam arrojados imóveis para seus mortos, como hoje podemos ver em cidades como Petra e Egra, minuciosamente entalhados diretamente na rocha.
Aos poucos, alguns nabateus deixavam a vida itinerante e começavam a se estabelecer nas cidades ao longo da rota, famosos por suas técnicas em represamento de águas, cultivo de uvas, criação de cavalos e entalhes em pedra.
Segredos do deserto
Os comerciantes árabes eram os únicos a dominar alguns segredos da região desértica do Neguebe. Sabiam dos pontos secretos onde a água era encontrada, e sabiam represá-la com competência, construindo sistemas de condução e cisternas, garantindo o líquido sempre fresco e puro para seu povo viajante. E mantinham segredo sobre isso, garantindo seu monopólio na rota por séculos.
Um desses pontos é o Ein Saharonim, onde hoje estão ruínas de uma importante parada da Rota das Especiarias, em que os viajantes descansavam, tratavam dos animais, reabasteciam-se de água e mantinham-se a salvo dos abundantes ladrões e assassinos do deserto. Foram paradas como Ein Saharonim que originaram algumas cidades, que cresciam à sua volta.
Para se ter uma ideia da importância dos nabateus para o comércio da época, eles chegaram até a fornecer betume (asfalto, piche) da região do Mar Morto para os egípcios, que o usavam para atividades como vedação, colagem e até na mumificação de seus cadáveres.
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